domingo, 30 de novembro de 2008

Damas da noite

Arte: Antônio Sem


Embriagadas
gozam em silêncio
letras dançarinas


Lou Vilela

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sábado, 29 de novembro de 2008

Desafinado

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Desafinado
(Lou Vilela)

O passado ainda ecoa
em meus tímpanos:
sopra o velho sax
[sua carpideira]
lacrimejando um blues.


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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lama de mel

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dedo em riste
na própria lama
deflorou a folha
ejaculou versos
adormeceu em paz

Lou Vilela



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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

(dec)al dente

.
degustou
alho no olho
a indiferença

pediu bis


Lou Vilela

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Presença incômoda

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Olhos que reverberam
O mistério do mar
Palco do encantamento

Ondas pujantes
Mergulho abissal
Em sentimentos rugosos

Janelas d’alma obscura
Verbo sem eco
Psique domada

Olhos que manipulam
Herméticos, sarcásticos
Ignotos, escrotos

Jazem incautos na lembrança
Guardiões do lume da paixão
Catalisadores da saudade

Lou Vilela
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Pedágio

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Cara ou coroa?
À luz,
como saber?
Escolhas –
pedágios do viver.

Lou Vilela
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domingo, 23 de novembro de 2008

Lembrança olfativa

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Alquimia singular
Inebria, incita
Acaricia sem tocar

Finca n’alma
Presença lancinante
Outrora esquecida

Desejo incontido
Saudade fustigante
Lembrança olfativa

Lou Vilela
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sábado, 22 de novembro de 2008

Fugaz

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dedilho teu corpo
meu desejo
no gozo, desperto
quero-te mais
cerro os olhos
(tentativa inútil)
o sonho
não se refaz 

Lou Vilela
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Queda livre

Arte Theresa Russo



Do (para)peito, o grito
Jazem, esparramadas
Letras suicidas

Lou Vilela


Agradeço a Theresa Russo pelo "presente"!
Como o côncavo e o convexo, texto e imagem. A poesia representada com maestria pela artista.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Amor de poeta

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A ausência suscita
o que passou
- ternas lembranças.


A presença inibe
- além das lembranças,
nada restou.


Na ausência presente
desnudo a nostalgia,
gozo em versos.


Na presença ausente
sou homem castrado
– bicho selvagem, encurralado.


Lou Vilela

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Fênices


lençóis em desalinho
corpos ladeados
sexos molhados
cinzas do desejo


Lou Vilela

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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Amor suicida

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Perdi-me em sua dimensão,
sufoquei-me em minha pequenez,
desejei romper os grilhões...
o delírio: incensa_tez.

Na hora do adeus planejado,
inalei o cheiro da terra,
senti o toque do orvalho,
vesti-me verde com a relva.

Percebi o quanto a amo...
Decidi não antecipar a partida,
morrer aos poucos em seus braços
minha agridoce vida.

Lou Vilela
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Realidade desperta

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Sábios olhos de criança
sob pálpebras adultas
jazem

Lou Vilela

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Papéis sociais

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Ao raiar do dia
vestem a fantasia
foliões mascarados


Lou Vilela
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domingo, 9 de novembro de 2008

Cíclico

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A_massa
assa
cria casca
- bolo de noz

Lou Vilela

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Homem, quem és?

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O que usurpa a natureza
O que dizima espécimes
O produto do meio
O palhaço social
A lágrima seca
A esperança agonizante
A felicidade fragmentada
A sobrevida

Lou Vilela

domingo, 2 de novembro de 2008

Razão


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A jornada dialética

do ser patético
num mundo epilético

Lou Vilela
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