quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Ciclo das águas


mergulhar os pés
de mansinho
tocar a alma
não desisitr
chover o mundo

Lou Vilela


* 📷 arquivo pessoal 

.


sexta-feira, 18 de junho de 2021

Desiguais

na linha imagética do horizonte
o futuro é a carne que poucos consomem
e muitos choram no sepultar

Lou Vilela


terça-feira, 15 de junho de 2021

Mergulho



não repare nessa timidez 
de tempos em tempos, até parece 
desenvolta
se mostra 
sobre as coisas
e morre mil vezes 
submersa

Lou Vilela
.

📷 arquivo pessoal 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A casa somos nós

                    À Tarcimá, em memória


Na casa havia aquela presença ilustre 

referência e elo com o passado 

de histórias e lutas


Na casa há o respeito e as lembranças

de uma mulher que desconheceu

a própria força e seus milagres


Lou Vilela 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Jardins

                    À Alaide, em memória


tínhamos em comum o amor

pelas crias, plantas e tais

ainda ouvi seus pesares pelo maio

que me ceifou uma flor

mal sabia que seriam duas


Lou Vilela

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Alquimia

aqui, a poesia possivel

tem aromas, sabores, texturas, especiarias

assim alimentam-se as horas

escapo de ser devorada


Lou Vilela

domingo, 4 de outubro de 2020

A_Deus

existe o silêncio, a tristeza, uma ausência

a resistência, o não entender

as mãos em prece

para sorrir


Lou Vilela

sábado, 3 de outubro de 2020

Ela

                       À Rose, em seu aniversário


como elos e corrente

selamos no amor

toda uma existência

para não nos perder

para ungir recomeços

para inaugurar primaveras.


Lou Vilela

sábado, 2 de novembro de 2019

Desmesura

pensar que tudo é espanto
sabor, arrepio
um belo tacho de bronze
azeitado
flor de sal
uma mão nem sempre apta

Lou Vilela

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Lúdico

cuidou de bonecas
fez comidinhas
construiu, montou casinhas
advogou suas questões
[se] convenceu
presidiu
mandou a discriminação às favas

Lou Vilela

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Encantada

nascera assim
: pra casar

mas faltava um príncipe
e foi feliz para sempre!

Lou Vilela

quarta-feira, 27 de março de 2019

Agulhas e linhas

nada entendia de tramas
toda ferida doía
quando ousava remendá-la
mas era o jeito possível
de sobreviver

Lou Vilela

quarta-feira, 6 de março de 2019

Vidas que insistem

escrevi algumas dores
frágeis construções da alma
são tantos os abismos
[im]possíveis

alguns silêncios de algibeira
a flacidez moldável
da ética e da moral
a fome e o prato social

famílias empanadas
empenados horizontes
perdidos, achados
laudas sem fim

mas sempre há um ponto
onde o ar é mansuetude
e a pausa permite-se

Lou Vilela


segunda-feira, 4 de março de 2019

Femininas e plurais

não a conheço
mas ando de mãos dadas
com seus medos e anseios
o que nos torna íntimas

não a conheço
mas provo do descrédito, da violência
das ausências, dos porões
o que nos torna vítimas

não a conheço
mas assim como você
sou confrontada todos os dias

e jogo o jogo de equilibrar
o sangue entre as pernas

Lou Vilela

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Trabalho delicado

preparava café, labirintos
semeava flores e alma
em terreno arenoso
às vezes brotava

Lou Vilela

terça-feira, 12 de junho de 2018

Antropofágica


capacidade de comer
na carne 
poesia inteira
e, pasmem
gozar
sobrevivente
na cara desta sociedade hipócrita


Lou Vilela

sexta-feira, 23 de março de 2018

Esquecimento

viraremos ausências
rotinas e horas retiradas das gavetas
o ranger das portas, o traçado do vento

viva, toda a sorte de uma casa
vazia e desmemoriada.

Lou Vilela

segunda-feira, 19 de março de 2018

Manas

Clave de sol, ginoclave, ou clave feminina

o cenário é árido
os medos, escaldantes?
_ sororidade

em tese
todas as sedes estão representadas
:
necessário desfazer os nós
das renúncias, da exclusão
da ignorância compulsória
da violência, da posse
do preconceito...

costurar o autoamor
numa clave de sol

Lou Vilela


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

onde há

onde há espanto, beleza arredia
ser um solfejar de espera e arrepio
o bem, o mal e cercanias
um verso torto, id, fantasia
a protagonista que estala sua língua
em folhas e tetas desgarradas
o líquido que umedece sua bússola  
onde há cancro, veneno, ou quase nada

Lou Vilela

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Esboço

nas manhãs que abrigam passarinhos
as buganvílias esboçam sem mesuras
signos de amores estrelados
constelações de presentes passados
enquanto flor

Lou Vilela

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Rubro



Farpados,
silêncios não coagulam

: lambem minhas pernas
seus rastros.

Lou Vilela


* poema para o 195º Desafio Poético com Imagens - IV Ano, proposto pela querida Tânia Regina Contreiras.
Arte: Kyle Thompson



sexta-feira, 28 de julho de 2017

Coreografia

repara
tudo é tão breve
a saia translúcida começa a ventar
ignora-se raiz

não se cabe tecido gomado
não se sabe atávica

à sombra das copas
respira leveza

Lou Vilela

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Desenho de um poema

amaciar a folha
sentir
ser música aroma
gosto e textura
tocar as possibilidades
no olho do caos

Lou Vilela

terça-feira, 18 de julho de 2017

Porto

cresceu secundária
apesar de primogênita
: tempo e fôlego para mergulhos

é preciso mais do que coragem
para se amar

Lou Vilela